Minhas falas-Pensamentos- Falas alheias.
Meu refúgio de cada dia
A vida não tem sido nada fácil pra mim ultimamente. Pensei que aqui na capital as coisas mudariam e me fariam menos animalesco. Pura ingenuidade minha! Ninguém me respeita aqui, não é nada bom ser visto como o pirralho que só faz besteira. Nem de humanos eu tenho respeito! Só aqui entre todos esses livros eu me sinto bem. Não, não vá achando que eu sou anti-social...não sou! Mas é que eu tenho estado cada dia mais cansado. A cada mudança de lua eu sinto que meu corpo perde energia. Na verdade ele fica cada dia mais forte, mas a minha mente fica esgotada. Eu sei que eu preciso caçar, mas não quero virar uma máquina de matar. E é por isso que eu me enfraqueço. Sabe o que é marcar no calendário os dias de lua e ter de se trancar no seu quarto, e quando amanhece estar todo machucado e com várias coisas quebradas? Pois é, é isso que acontece! Ainda por cima tem as aulas que exigem cada vez mais atenção. Eu devo ter algum problema mental! Escolhi o curso de física para me especializar em astronomia. Para um lobisomem isso é o cúmulo do masoquismo! Ver a lua todos os dias e ter que se segurar. Quem sabe até lá alguém descubra um remédio para nos deixar mais controlados. Eu não quero deixar de ser o que sou, mas às vezes eu desejo ser mais normal.
Várias pessoas estavam ali na biblioteca, e por Deus, Fazem bagunça demais! Tem gente que nem vem ler nem nada aqui, só encontrar o namorado ou algo assim. Gente estúpida! A mulher que trabalha aqui quase não tem trabalho. Fico aqui o dia inteiro fazendo o que ela deveria fazer, afinal é ela que ganha pra isso! Lá na frente tinha uma mesa lotada de livros já lidos, que ninguém guarda. E uma garota cheia de livros nas mãos, tentava desesperadamente achar uma mesa para se sentar. _Vou lá, ajudar a coitada._.
_Oi, deixa eu te ajudar...vou limpar essa mesa aqui pra você.
Tirei alguns livros da mesa, para que ela pudesse ler mais confortavelmente.
_Ah, obrigada!
_Disponha.
Voltei para a minha poltrona favorita. Era engraçado como até Senhora Pietra Brás sabia que eu gostava dela. Ela nunca deixava ninguém se sentar lá! Ela era bem legal, apesar de míope e rabugenta. O bom dela é que ela raramente falava, e quando falava, dizia que eu era um bom garoto. Pobre inocente! Mas isso não vem ao caso. Agora eu voltei para o mundo submarino do capital Nemo.