Blá, blá, blá. Será que esses porras não conseguem falar comigo SEM me ameaçar? E sim, incluo em PORRAS meu irmão de sangue.
- Mas que inferno isso Billy! – Bradei com ele, retomando a calma em seguida, e falando com certo tom autoritário.
- EU tenho uma proposta: vocês dois, gatinhos, ficam distraindo a sonsa da recepção – SEM FAZER LANCHINHO - e enquanto isso, eu subo e vou atrás da maldita caixa. Pego a caixa, saio e espero vocês lá fora e ai EU ligo pra vampira. E sim, eu vou procurar informações com ela sobre Manuel e Afonso, ok? – Falei firme encarando os dois.
- Porque diferente de vocês e dos pais de vocês, eu não tenho o hábito de trair... – Engoli seco e então me virei, parando à porta da pensão.
- De acordo? – Meu irmão fez que sim com a cabeça e
Nathaniel não pôde ficar de boca fechada:
- Claro, minha ruivinha! – QUE?! Franzi a testa e me aproximei dele bem rapidamente.
-Sua é o caralho, entendeu? Eu já mandei você parar de piadinhas porque não tenho saco pra isso. Agora entrem e vão lá distrair a mulher. – Claro, ruivinha do Bill. – Ele não podia calar a maldita boca e parar de piscar? Preferi não gastar saliva: mostrei o dedo do meio e fiquei de costas em seguida. Era bom aquilo dar certo.
(...)
Quando fui finalmente entrar na pensão, vi que tinha um papel em minhas mãos. Mas que porra de papel era esse? Eu não me lembrava de papel algum e...
- MALDITA! – Bradei depois de abrir e ler o que aquela vagabundinha tinha feito. Amassei o papel com tanto ódio, deixando-o menor do que um grão de feijão. Corri para fora da pensão, sentindo que meus olhos flamejavam.
- Ainda não entenderam seus idiotas? – Berrei com
Billy e
Nathan que tinham me acompanhado e estavam na calçada comigo.
- A vadia da Leah usou o maldito poder dela e pegou a caixa!! Bando de... - Foi então que vi o carro do
Samuel.
- FILHO DUMA PUTA! – Novamente gritei, expondo agora meus caninos. Eu queria estraçalhar ele... Mas notei que tinha mais gente com a mesma vontade que eu:
Billy tremia ao meu lado e eu sabia o que iria acontecer a seguir. Meus olhos passaram do meu irmão de sangue pro outro descendente.
Nathan estava parado, com uma expressão vazia, que durou menos do que um segundo, passando a saltar os olhos e falar com toda vontade:
- FUDEU! – Virei os olhos perdendo a paciência com aquele idiota.
Pra completar, o carro do
Lucas não estava mais lá. Ou alguém tinha roubado – que eu duvidava, ou
Leah tinha pego. Além de traíra, aquela vaca era ladra. Ela ia se ver com os filhos de Sétimo.
Billy já não estava mais ao meu lado: seu lugar, agora sob a forma de Lobo, era em cima do capô do carro do
Samuel. Abri um sorrisinho imaginando a raiva que o Sr. Eu-Me-Acho ficaria. Agora... o que eu ia fazer? Eu estava com uma idéia na cabeça, e ela podia dar errado. Mas eu já estava fudida, e ficar ali parada ou brigando com o
Samuel não ia adiantar bosta nenhuma. Tinha que fazer algo útil. Algo que eu deveria ter feito há tempos: agir sozinha – o que não quer dizer que não pretendia cumprir com o que tinha combinado com os dois. Parei ao lado do
Nathaniel, praticamente grudando meu corpo no dele.
- Agora temos que nos virar... – Falei perto do seu ouvido, e muito discretamente, fui aproximando minha mão do bolso do seu paletó, aquele que continha a chave do carro.
- Não esquece: me ajuda, que eu te ajudo. Pra mim, isso ainda tá valendo. – Movi meus dedos com todo cuidado, para dentro do bolso e me aproximei mais dele, fazendo uso da minha mais doce voz.
- E você será muito bem recompensado. – E rapidamente tirei as chaves do carro dele, colocando-as na parte de trás do meu short, dentro da minha calcinha. É, acho que ele não tinha notado nada, afinal, somente disse
- Faça o que quiser. e então saiu calado e entrou de volta na pensão. Abri um sorrisinho de vitória. Bundão e inútil. Acho que ele era viado. Sério, gay mesmo, ele devia ser um vampirinho que dava a bunda, pra não esboçar nenhuma reação ao que tinha acabado de fazer. Ou então ele era frígido... Não, viadinho era melhor.
Agora tinha o
Billy. Por que diabos ele tinha que estar ali, na forma de lobo, pra cima do
Samuel? Eu nada podia fazer, até porque, tinha outros planos. Eu sabia que depois ligaria para ele com boas notícias.
- Espero que ele saiba o que está fazendo... Vou cumprir com o trato. – Falei baixinho para mim mesma e então corri pro carro do
Nathan, aproveitando que o mesmo ainda estava dentro da pensão.Tirei a chave da parte de trás da calcinha, abri a porta do carro, girei na ignição e comecei a dirigir rapidamente, sem rumo. Peguei meu celular e o papelzinho que a vampira tinha entregue.
- Eles enganaram meu pai, vou começar a virar esse jogo é agora. – Liguei para ela. Sabia que se eu tivesse um coração vivo, ele estaria batendo muito forte, muito rápido. Ela atendeu e perguntou de quem era descendente.
- Sétimo. – Falei orgulhosa e sem titubear. Não podia demonstrar a ela que eu estava blefando. Então ela me questionou, informando que outro descendente já disse estar com a caixa.
- Exato. Ele somente disse. Eu estou. – Mantive a voz firme e ela pediu uma razão para isso.
- Eu não sei a razão pela qual meu parente de morte mentiu para você. Mas asseguro que a caixa está em minhas mãos. – Ela acreditou em mim e disse para onde deveria ir.
- Ótimo, estou indo. – E desliguei o celular e fui para onde ela me disse, contando os segundos para por as mãos na caixa e trucidar aquela vagabundinha loira sonsa. Maldita a hora que acreditei em um filho de Gentil...